Se conhecer alguém familizarizado com as lojas de animais na sua zona é aconselhável pedir uma dicas sobre onde comprar. De outra forma o principiante deve procurar lojas que se especializem em aquariofilia, quer exclusivamente quer como parte principal do seu negócio. Isso não é garantia, claro, mas melhora as probabilidades de encontrar uma boa loja.
Se, na loja, não encontrar nenhum dos peixes recomendados, o principiante deve evitar comprar peixes que não conhece, mesmo que recomendados pelos empregados da loja. (Algumas lojas têm funcionários muito conhecedores mas isso é excepção. Irá demorar algum tempo antes que o novo aquariofilista possa destinguir uma boa loja de uma má loja ou um bom conselho de um mau conselho). Se não encontrar os peixes recomendados numa loja procure outra ou tente encontrar mais informação sobre peixes alternativos para principiantes.
Assumindo que os peixes adequados podem ser encontrados o principiante deve examinar os espécimes cuidadosamente, procurando barrigas metidas para dentro ou inchadas, olhos metidos para dentro ou inchados, barbatanas em mau estado, respiração díficil (frequentemente com a cobertura das guelras distendida) ou com qualquer tipo de feridas e manchas no corpo que possam indicar parasitas ou doenças. Se os peixes estiverem saudáveis o principiante deverá adquirir poucos exemplares, dependendo do tamanho do aquário. Um aquario de 75-85 litros (normalmente com 70 cm de comprimento) será um bom tamanho para principiantes, suficientemente grande para manter as condições da água razoavelmente estáveis e suficientemente pequeno para não assustar. Para este tamanho de aquário um único peixe de 3 ou 4cm ou 3 ou 4 peixes mais pequenos é o máximo com que se deve começar. (Se houverem mais peixes a amónia gerada irá matar os peixes. Porém, se a população for aumentada gradualmente, isso não será problema. Para compreender a introdução espaçada de peixes, conhecida como "fazer o ciclo", o iniciado deve ler sobre o ciclo do azoto nos livros de aquariofilia ou na secção do CICLO DO AZOTO na FAQ .)
Muitos dos pequenos peixes de cardume são ideais como primeiros peixes, incluindo Nuvem Branca (também chamado de falso Neon), várias das espécies de Danios e Rasboras e a maior parte das espécies de Barbos. Para aqueles com aquários um pouco maiores, os peixes arco-íris são óptimos peixes de cardume. Os corydoras também são populares como peixes de cardume.
Embora muitos aquariofilistas sejam tentados a manter apenas um ou dois peixes de cardume, isso deve ser evitado. Os peixes de cardume perferem vários exemplares da sua própria espécie com os quais interagir. É recomendado um mínimo de seis peixes de cada espécie para peixes de de meia água e quatro para corydoras. Um cardume de uma duzia de peixes mostrando o seu comportamento natural acaba por ser mais agradável que uma mistura caótica de individuos, forçados a partilhar o mesmo aquário. ("Mãe, porque é que aquele peixe está escondido atrás do aquecedor e o outro ali ao canto?").
Claro que, como referido na introdução, a população precisa de ser aumentada devagar, com dois ou três peixes de cada vez. O aquariofilista pode, por exemplo, construir um cardume de oito rasboras de uma certa espécie e depois contruir um cardume de seis exemplares de uma espécie de corydoras.
Não desista já dos barbos, porém. Muitos são adequados como primeiros peixes, especialmente para os aquários com tamanhos moderados. Capoeta titteya, O Barbo Cereja, é um extraordinário pequeno barbo, até 5 cm de comprimento e com uma maravilhosa cor vermelho alaranjada. Barbos de tamanho médio (até 10 cm) incluem o Barbo Palhaço - Barbodes everetti, o Barbo Rosado - Puntius conchonius, e o barbo Listado - Puntius nigrofasciatus. As variedades artificiais do Barbo Rosado (barbatanas longas, albino, etc.) devem ser evitadas porque tendem a ser menos saudáveis. Outros barbos como o Capoeta oligolepis e o Barbodes lateristriga são maiores mas pacíficos. A menos que tenha um aquário muito grande evite os Barbos Tifoil- Barbodes schwanefeldi. Em adultos podem atingir os 30 cm!
Muitos barbos não formam cardumes tão bem como Danios ou Rasboras mas mesmo assim devem ser mantidos em cardume.
Muitos autores colocam todas as espécies de barbo referidas no género "Barbus".
Os corydoras geralmente alimentam-se no fundo do aquário e devem-se fornecer comidas especiais que se afundam como os comprimidos para peixes de fundo e alimentos congelados. Deve-se tomar cuidado para que toda a comida congelada seja rapidamente ingerida conforme cai no fundo. Não alimentar em excesso!
Muitos dos peixes recomendados aqui são tão resistentes, adaptáveis e fáceis de manter como os da primeira secção. Contudo, na primeira secção foi possível recomendar grupos inteiros de peixes dizendo apenas para se ter cuidado com uma espécie ou duas. Aqui, porém, os grupos estão bastante misturados com muitas boas escolhas em conjunto com más opções. Além disso, alguns dos peixes desta secção são resistentes apenas se certos requisitos especiais forem satisfeitos. Se desejar manter com sucesso estes peixes precisa de conhecer exactamente que espécie manter e quais são os seus requisitos particulares.
Para quê preocupações? Se for um completo noviço os "Bons Primeiros Peixes" irão permitir-lhe "molhar os pés" com um mínimo de risco. Porém, conforme ganhar experiência, poderá decidir experimentar outros peixes. Muitos são bastante bonitos e/ou têm um comportamento interessante, alguns aquariofilistas ficam tão atraídos por eles que se juntam a clubes especializados para aprenderem mais.
Alguns botias são sensíveis a um ciclo mal feito, é por isso que são incluidos aqui em vez da secção de Bons Primeiros Peixes. Uma vez o aquário estabelecido e quanto o principante tiver apreendido os princípios de manutenção, os botia serão excelentes adições às mais frequentes populações de peixes.
Os botias mais comuns são as cobras Kuhli - Acanthophthalmus sp. Estes peixes serpentiformes podem atingir os 12 cm. São castanhos com faixas amarelas e bastante tímidos, passando grande parte do tempo enterrados no areão.
Outros botias populares são os pertencentes ao próprio género "botia": Botias Palhaço - B. macracantha, Botias Yo-Yo - B. lohachata, Botias Azuis - B. modesta, B. horae, e B. striata são frequentemente vistos no hobby. Alguns destes, em particular os Botia Palhaço e os Botia Azuis, podem ficar muito grandes mas crescem extremamente devagar e podem vivem em pequenos aquários por vários anos. Os botia são frequentemente mais felizes se mantidos com alguns outros da sua própria espécie. (NT: Isto é particularmente verdade com o Botia Palhaço, já o Botia Azul por vezes tem comportamentos agressivos, entre si e para os outros peixes).
Os Botia Misgurnus fossilis e os Verdemã Cobitis taenia devem ser evitados. São espécies de água fria e têm o infeliz hábito de saltar fora de água, especialmente com a aproximação de uma tempestade. (NT: Os verdemã são uma espécie comum em Portugal e bons peixes comunitários. Eu tenho-os mantido durante anos. Em alguns richos do nosso país, povoados de verdemãs, a água ultrapassa os 35 C durante o verão, portanto esta é uma espécie que pode tolerar água mais quente. Dada a ampla distribuição do Cobitis taenia, com variedades e subespécies locais é muito provável que os exemplares portugueses, especialmente aqueles que têm de aguentar o calor no interior do Alentejo durante o verão, sejam mais adequados a aquário que os do norte da Europa. De qualquer modo é prudente manter uma temperatura moderada no aquário, de preferência não ultrapassando os 25 C.)
Algumas espécies destes peixes gato, porém, ficam suficientemente pequenos para serem mantidos pelos principiantes. O Pleco Palhaço do género Peckoltia tem bandas transversais alternadas de castanho claro escuro e castanho claro ou amarelo e geralmente não ultrapassa os 12 cm. O pleco "Bristlenose" do género Ancistrus possui numerosos barbilhos na cabeça, na área entre os olhos e a boca. Os barbilhos são maiores no macho, especialmente na altura da reprodução. Os plecos "Bristlenose" estão entre os poucos loricarideos que se reproduzem no aquário.
Os Otocinclus, frequente chamados apenas de Otos, são os loricarideos mais pequenos e irão limpar as algas das plantas sem as danificar. Os otos por vezes morrem pouco depois da compra, sem motivo aparente mas os que passam o periodo critico tornam-se peixes muito bons para o aquário comunitário.
Embora muitos peixes gato de boca em ventosa realmente ajudem a manter o aquário livre de muitos tipos comuns de algas, o principiante não deve cometer o erro de pensar nestes peixes simplesmente como comedores de algas ou de detritos. Devem ser alimentados com comidas especiais para eles, como folhas de espinafre escaldadas. Alguns fabricantes de comida para peixe compreenderam que existe um mercado de comida especial para Plecos e agora vendem produtos como tabletes de algas que se afundam no aquário. Estas comidas devem ser colocadas à noite, quando as luzes do aquário se apagam dado que que a maior parte dos Plecos ficam mais activos nessa altura e ficam menos activos a maior parte dos peixes que podem competir pela comida. Madeira apropriada para aquário, sobre a forma de troncos, côcos, etc, é também importante para muitas espécies de Plecos porque, raspando a madeira, obtém um complemento de celulose de que necessitam. Pela mesma razão, os Plecos NUNCA devem ser mantidos em aquários de madeira ou mesmo em aquários em acrílico dado que podem raspar o material danificando assim o aquário ou a eles próprios (através da ingestão de toxinas ou produtos não digeríveis).
Os Plecos podem ser briguentos entre si e podem ser incomodados por outros peixes dada a sua natureza de movimentos lentos. Deve fornecer uma gruta para cada Pleco e territórios proporcionais ao seu tamanho (cerca de 40 litros para 10 cm de peixe).
A menos que a água do aquário seja pouco mineralizada e ácida esses tetras devem ser evitados. Antes de comprar um tetra sobre o qual não esteja certo, procure informação sobre ele. Se precisar de um pH abaixo de 6.5 você deve provavelmente evitá-lo. Muitos aquariofilistas principiantes são tentados a ajustar o pH da sua água comprando pequenos frascos com químicos na loja de animais. Não ceda a esta tentação! A química da água é uma coisa muito complexa e você pode facilmente matar os peixes todos ao tentar alterá-la.
Por outro lado, se a sua água da torneira é naturalmente pouco mineralizada e atinge um pH ácido consistente então não existem razões para não experimentar alguns desses peixes.
Dois tetras muito populares que precisam de água pouco mineralizada e ácida são o Néon - Paracheirodon innesi e o Tetra Cardinal - Cheirodon axelrodi. Estes peixes são muito atractivos, com cores flurescentes vermelho e azul. A linha vermelha nos Cardinais começa a partir da cabeça enquanto no Néon começa na zona da barriga. Porém a beleza é a sua única vantagem. Além dos requisitos de água o Néon tem a característica negativa de ser quase sempre providente de explorações na Ásia onde são criados em números gigantescos, sem olhar à qualidade. Além disso, nos tanques de crscimento os peixes jovens são encharcados em medicamentos. Esses remédios mantém as doenças sob controlo mas assim que os peixes são colocados no mercado começam a ficar doentes. Provavelmente menos que 1 em cada 10 néons vive mais de um mês após ser removido do local onde cresceu. Além disso, esses pequenos néons que se compram por tuta e meia na loja podem facilmente introduzir doenças capazes de matar todos os peixes do aquário.
Os Cardinais terão hipoteses maiores de não morrer imediatamente mas provavelmente não irão viver durante muito tempo no seu aquário. São apanhados selvagens no Brasil e talvez já tenham vivido a maior parte da sua naturalmente curta vida antes de você o comprar.
NT- Embora este dados estejam, no geral, correctos, convém acrescentar o seguinte: O néon é um peixe resistente e de vida longa, mesmo levando em conta aquilo que tem que passar no Oriente, incluindo não apenas crescer numa água cheia de antibióticos que não estimulam as defesas naturais e não eliminam à partida os peixes menos saudáveis como também as hormonas para se tornarem maiores em adulto e crescerem mais depressa (há quem diga que a designação "néon extra" quer dizer "extra" na dose de hormonas...). Apesar disso, se o néon conseguir sobreviver nos primeiros meses, não necessita de águas ácidas e pouco mineralizadas, adaptando-se a pHs até 7.8 e a mineralizações médias. Nestas condições pode viver mais de 10 anos no aquário, tornando-se numa das espécies de vida mais longa no hobby. Já o cardinal tem obrigatoriamente que viver em águas muito pouco mineralizadas e ácidas ou morre passados poucos meses. Os rins do cardinal não se adaptam à água mineralizada, entrando rapidamente em falha e acabando por causar a morte do peixe. Embora de vida mais curta que o néon, o cardinal pode viver bastantes anos numa água adequada. A ideia que o autor transmite de que os cardinais são peixes de vida curta tem a ver com o facto de a maioria dos aquariofilistas não dispôr do tipo de água certo, acabando o peixe por morrer.
Outros Tetras que necessitam de águas ácidas incluem o Néon Azul - Hyphessobrycon simulans, o H. heterorhabdus, o H. metae, o H. loretoensis, o Megalamphodus megalopterus, e o M. sweglesi.
E os aquariofilistas que não têm água ácida? Existem muitos tetras resistentes para principiantes que não precisam de água especial. Por exemplo o Gymnocorymbus ternetzi, o Hemigrammus erythrozonus, o Hyphessobrycon callistus, o H. flammeus e a Pristella - Pristella maxillaris. Todos estes não crescerão mais que 5 cm. Tetras um pouco maiores são tetra Pinguim - Thayeria obliqua e o aparentado Th. boehlkei, ambos reconhecíves pela linha negra longitudinal, começando na parte de baixo da barbatana caudal, o Tetra Diamante - Moenkhausia pittieri e o bonito Tetra Imperador - N. palmeri, com a sua cauda em tridente. Finalmente, o único tetra africano frequentemente visto, o Tetra do Congo - Phenacogrammus interruptus, um bonito peixes que cresce até 10 cm.
Mais um vez, para quê precuparmo-nos e porque não manter simplesmente os outros peixes? Porque, para aqueles dispostos a correr o risco, as recompensas podem ser grandes. Se algum peixe pode ser referido como inteligente então esse peixe é um ciclideo. Eles denotam essa inteligência nas suas actividades diárias assim como no acasalamento, reprodução e criação dos filhos. Todos os peixes mencionados previamente pôem ovos e ignoram-nos depois, ou comem-nos! Os ciclideos, por outro lado, tomam conta dos ovos e dos filhos. Diz-se que a visão mais satisfatória que aquariofilista tem é ver um casal de ciclideos conduzindo a sua ninhada de peixinhos pelo aquário, sempre vigilantes e protejendo-os dos perigos. Mesmo que os seus ciclideos nunca reproduzam eles reagirão com facilidade ao dono e talvez a outros peixes. Alguns ciclideos podem tornar-se numa mascote, como um cão oou um gato, com mais facilidade do que você pode imaginar.
Se decidir aceitar o desafio dos ciclideos, escolher os peixes pode ser difícil. Alguns podem ser adicionados ao aquário comunitário e irão dar-se bem com os peixes de cardume anteriormente referidos. Estes incluem os curviceps - Aequidens (actualmente Laetacara) curviceps, Aequidens (também actualmente Laetacara) dorsiger e os menos frequentemente vistos Nannacara anomala, todos da América do Sul. Na África Ocidental existe também o Anomalochromis thomasi. Ao contrário dos ciclideos monstruosos, estes peixes ficam pequenos (8 cm é um adulto de bom tamanho) e são relativamente pacíficos. Dois ou três podem ser colocados num aquário de 40 litros e deverão todos acabar por encontrar locais onde viver desque existiram pedras e outros esconderijos no aquário.
Ciclideos anões não recomendados mas frequentes são os Ramirezi - Papiliochromis (alguns livros indicam Microgeophagus ou Apistogramma) ramirezi, Apistogramas - Apistogramma sp. e o Dicrossus filamentosus (referido como Crenicara filamentosa em certos livros). Estes peixes variam na sua dificuldade de manutenção no aquário mas todos devem ser evitados por principiantes.
Maronis - Aequidens (ou Cleithracara) maronii, Festivums - Cichlasoma (ou Mesonauta) festivus, e escalares - Pterophyllum scalare podem ser bons peixes para iniciados mas apenas se elementos saudáveis poderem ser encontrados, o que não é fácil. Por essa razão pequenos maronis e festivum não devem ser comprados. Os adultos dessas duas espécies são geralmente melhores escolhas. Ainda assim deve olhar cuidadosamente para o peixe e não o comprar até terem passado pelo menos uma semana na loja. Igualmente, no caso dos muitos populares escalares é preciso ser-se cuidadoso. Antes de comprar pergunte ao vendedor de onde vêm os escalares. Se o vendedor não souber, não lhe disser ou referir que vêm do distribuidor (e quem sabe de onde, antes disso?) não os compre. Se o vendedor lhe disser que vêm de um criador local você terá pelo menos uma hipotese de obter um peixe saudável. Além disso os escalares devem ser mantidos em aquários mais altos e compridos que um aquário de 40 litros. Os maroni, festivum e escalares são todos peixes tímidos a que deve ser fornecido zonas onde se abrigarem, preferencialmente sob a forma de um aquário bem plantado.
Os discus, como os escalares, precisam de aquários mais altos e mais compridos que um espaço de 40 litros. Só que as suas necessidades não acabam aí, porém. Os principiantes devem manter-se longe desses peixes exigentes.
Por outro lado, uma muito boa escolha, especialmente para aqueles que têm um aquário de 80 litros ou superior, é o Jurupari" - Satanoperca leucosticta (também referido no hobby como Geophagus jurupari). Fica grande (até 30 cm) mas cresce muito devagar e pode ainda ter menos de 15 cm com vários de anos de idade. É um ciclideo muito pacífico que ajudará a limpar o aquário aspirando através do areão à procura de comida perdida. Um peixe similar, Geophagus surinamensis, é também uma boa escolha.
Kribensis - Pelvicachromis pulcher é um ciclideo da África Ocidental muito comum que se dará bem com os peixes de cardume e que deve ser mantido num aquário de 80 litros ou superior. Os machos crescem até 10 cm e as fêmeas ficam um pouco mais pequenas.
A maior parte dos restantes ciclideos são ou muito agressivos ou crescem demasiado. Por exemplo, o muito popular Oscar - Astronotus ocellatus cresce rapidamente até mais de 30 cm, é um peixívoro oportunista, além de destruir plantas e muita da decoração do aquário. Se o aquariofilista estiver realmente interessado em manter mais ciclideos deve estar preparado para montar um aquário dedicado (e provavelmente maior), além de ler bastante sobre estes peixes antes de os comprar.
Além de fornecer aos aquariofilistas escolhas adicionais para o aquário comunitário alguns anabantídeos conseguem resistir a temperaturas mais frias e podem ser mantidos em aquários não aquecidos, além disso, devido à sua capacidade de sobreviver em água com pouco oxigénio, podem ser mantidos em aquário muito pequenos e sem filtragem. Por outro lado alguns anabantídeos ficam muito grandes ou, particularmente os machos de certas espécies, são muito territoriais.
Reproduzir anabantídeos pode ser muito agradáel. Algumas espécies constroiem ninhos de bolhas nas quais colocam os seus ovos enquanto outras, como alguns ciclideos, são incubadores bocais.
O anabantídeo mais comum é provavelmente o betta ou peixe combatente (geralmente considerado da espécie Betta splendens mas que é provalvelmente o resultado do cruzamento com outras espécies) Variedades conseguidas artificialmente e disponíveis no mercado apresentam cores como o vermelho, o azul, o verde, o púrpura e muitas outras. Os macho foram selecionados para ter barbatanas muito compridas e pode-se encontar caudas duplas em ambos os sexos. O betta é geralmente uma má escolha para aquário comunitário por duas razões. Primeiro porque são muito territoriais. A agressão é maior entre dois machos mas pode ser digirida para qualquer peixe que o betta considerar parecido com outro macho betta. Em segundo lugar porque os betta são alvo fácil para peixes rápidos, como barbos. Os betta podem ser mantidos sozinhos em pequenos aquários e sem filtragem, desde que se façam frequentes mudanças de água. Porém, precisam de calor e são sensíveis a mudanças de temperatura, portanto será necessário aquecimento se a temperatura da sala descer abaixo dos 24 C. Além disso, devido à reprodução massiva, muitos betta são pouco saudáveis. Um macho pode atingir os 7.5 cm, as fêmeas ficam mais pequenas.
Uma escolha melhor para ser mantido sozinho num aquário pequeno é o Peixe do Paraíso - Macropodus opercularis. Estes peixes são muito mais resistentes que os betta e podem suportar temperaturas tão baixas como 15 C. (NT- Tenho mantido durante vários anos peixes do paraíso no meu lago de jardim, em Almada. A água chega a descer até aos 8 C nos dias mais frios de inverno e mas os peixes do paraíso resistem.) Os peixes do paraíso atingem os 12 cm de comprimento.
Outro anabantídeo muito comum é o Gourami Azul - Trichogaster trichopterus. Gouramis doirados, prateados ou mármore são também comuns e são simplesmente variedades artificais do Gourami Azul. Este peixe pode atinguir os 15 cm. Não são tão agressivos como os bettas ou os peixes do paraíso mas mais que um peixes num aquário pequeno pode conduzir a persiguições constantes ou mesmo a mortes. Irão dar-se bem em aquários com peixes de cardume grandes. Espécies semelhantes, embora um pouco mais pequenas incluem o Colisa fasciata, o Colisa labiosa, o menos agressivo Gourami Pérola - Trichogaster leeri e o T. microlepis. O beijador - Helostoma temmincki atinge os 20 cm mas é um bom peixe para principiantes com aquários grandes. (NT- Alguns autores consideram este peixe muito frágil). É pacífico, embora os machos concorram uns com outros pressionando os lábios e empurrando, é o chamado "beijo", do qual o nome do peixe deriva. A maior parte dos beijadores do mercado é da variedade cor de rosa.
Os pequenos gouramis que apenas atingem os 5 cm e são também comuns. Estes incluem o Colisa lalia, o C. chuna e o Colisa Pôr do Sol (provavelmente um cruzamento entre C. lalia eC. chuna). Em teoria, todos estes peixes serão bons para o aquário comunitário. Na prática estes peixes são frequentemente vítimas da reprodução massiva no Extremo Oriente (como outros peixes já descritos) e muitos são mesmo tratados com hormonas antes de vendidos para os fazer parecer mais bonitos nos aquários das lojas. Uma boa regra é, "se um peixe parece demasiado bonito para ser verdade, comparado com peixes que já conhecemos da mesma espécie, então provavelmente foi adulterado".
Embora difíceis de encontrar, anabantídeos que têm menos interferência humana na sua reprodução são geralmente melhores escolhas. Procure por exemplo o betta incubador bocal - Betta pugnax, o Parosphromenus deissneri, o Pseudosphromenus cupanus o Trichopsis vittatus, e o T. pumilus, cujos tamanhos variam entre 2.5 cm e 10 cm. Não compre os Gouramis Chocolate - Sphaerichthys osphromenoides, são peixe muito frágeis ou o Gourami Gigante Osphronemus spp. que atinge mais de 60 cm.
Os Poecilia, como também são chamados, são provenientes principalmente da América Central, embora alguns venham da América do Sul. O termo "vivíparos" é usado por oposição a "ovíparos". Os ovos, porém, são fertilizados no interior da fêmea emergindo o peixe após a eclosão, pelo que o termo biológico correcto será "ovovivíparo". Existem vivíparos noutras famílias de peixes nos quais os detalhes de reprodução variam.
O bem conhecido Guppy pode ser encontrado em diversas cores e com nada mais nada menos que doze diferentes variedades artificais no formato da cauda. Também disponíveis (nos Estados Unidos) encontram-se o mais próximo que se pode encontrar de guppies selvagens - Poecilia reticulata: os "guppies para alimentação de outros peixes" que não são selecionados pela cor. Os tipos de guppy mais sofisticados tendem a ser frágeis e os guppies comuns transportam com frequência doenças. Os guppies devem ser mantidos com pelo menos uma colher de chá de sal para 15 litros de água.
Mollies comuns são a molly negra (que é derivada da Poecilia sphenops) e a molly veleiro - Poecilia velifera (das quais existem diversas variedades de cor). As mollies negras precisam de pelo menos uma colher de chá de sal para cada 15 litros para as manter saudáveis e prevenir o aparecimento de ictio (Ichthyophthirius multifiliis, um parasita comum em aquário). As molly veleiro precisam de pelo menos três vezes esta quantidade de sal. As molly veleiro crescem até 15 cm e as Negras ficam-se pelos 7 cm.
Muito aprentados são os espadas Xiphophorus helleri e os platies - Xiphophorus maculatus, são também peixes muito populares. Existe um grande conjunto de cores e variedades disponíveis. Estes peixes precisam de pelo menos uma colher de chá de sal para cada 15 litros de água para ser saudáveis. Algumas variedades são muito susceptíveis a certas doenças (Os espada tuxedo têm frequentemente tumores, por exemplo) e, conforme se passa com tantos outros peixes, os peixes de coloração mais próxima da natural são geralmente a melhor aposta. Os "Espadas Verdes" (que são na verdade multi-coloridos) são a coloração natural do X. helleri mas infelizmente as variedades selvagens dos platies não são frequentes. Só o Xiphophorus variatus é por vezes encontrado na sua coloração natural.
Todos os peixes vermelhos são de água fria e não se dão bem nos níveis mais baixos de oxigénio dos aquários tropicais, portanto não devem viver em conjunto com espécies tropicais.
As piranhas são peixes de cardume e são geralmente tímidas e susceptíveis de stress quando mantidas como único exemplar. Infelizmente elas também crescem muito (muitas espécies ultrapassam os 30 cm), portanto a maior parte dos principantes não têm espaço para hospedar mais do que uma única piranha. Se existir espaço suficiente para manter várias piranhas devem ser muito bem alimentadas ou voltar-se-ão umas contra as outras, matando-se e canibalizando-se.
Para opções de bons peixes para principiantes além das listadas aqui tem que se ultrapassar o nível de novato e encontrar boas fontes de informação, como clubes de aquariofilia e amigos que também sejam aquariofilistas, assim como os livros e revistas. Em qualquer nível de experiência o aquariofilista verificará que boas fontes de informação valem bem o tempo e/ou o dinheiro que é preciso para as obter.