Há duas grandes estratégias usadas pelos peixes: postura de ovos e nascimento dos alevins vivos.
Nos vivíparos a fêmea dá à luz peixinhos completamente formados e que já podem nadar. A fêmea é fertilizada internamente pelo macho e transporta as crias durante cerca de um mês até finalmente os libertar. No parto os bebés nadam para longe, escondem-se e começam a procurar comida.
Os vivíparos incluem mollies, platies, espadas e guppies. Existem outros vivíparos como peixes-agulha, anableps (peixe dos quatro olhos) e peixes da família dos amecas.
O sexo é fácil de distinguir. A fêmea é maior e o macho tem uma barbatana anal transformada chamada gonopódio que é usada para fertilizar internamente a fêmea. Depois da fertilização, a fêmea pode produzir múltiplas ninhadas sem que o macho esteja presente.
Ovíparos, como o nome indica depositam ovos em vez de parirem peixes vivos. Os ovos eclodem, os alevins apresentam um saco vitelino que irá ser absorvido até os peixes começarem a nadar. O processo geralmente demora de uma semana a dez dias, embora possa variar muito.
Os disseminadores de substrato são um pouco mais exigentes sobre onde colocam os ovos. Estes são depositados presos a algum tipo de substrato. Ambos os pais participam na postura, com o macho a fertilizar os ovos enquanto a fêmea os deposita. Exemplos são muitos peixes-gato, alguns ciclideos e killies.
Os construtores de ninhos de bolhas depositam os ovos num ninho feito pelo macho. As bolhas são mantidas juntas com saliva e parecem espuma. As bolhas atraem infusórios que os alevins irão comer e mantém os ovos à superfície onde são bem oxigenados. Durante a postura os ovos são libertados uns poucos de cada vez e cuidadosamente colocados no ninho onde irão eclodir. Exemplos são os bettas e os gouramis.
Os incubadores bocais mantêm os ovos na boca até eclodirem. Os ovos são mais uma vez colocados uns quantos de cada vez e quando o macho os fertiliza o elemento que fará a incubação (pode ser a fêmea, o macho ou ambos, conforme a espécie) coloca-os na boca. O peixe incubador irá então comer muito pouco ou deixa mesmo de comer até os alevins nascerem. Exemplos de incubadores bocais são os machos arrowanas e as fêmeas de alguns ciclideos.
Os peixes de água salgada também depositam ovos. Alguns são disseminadores de substrato mas muitos depositam ovos que flutuam como plancton. Esses ovos eclodem para uma face larvar, as larvas flutuam livremente e comem plancton minúsculo até crescerem e se transformarem em peixes.
Muitos peixes apresentam alguns comportamentos comuns, portanto vamos discuti-los aqui.
A maioria dos peixes acha que todos os ovos e pequenos peixes são uma deliciosa especiaria, incluindo os seus. Isto significa que os disseminadores livres e muitos disseminadores de substrato não podem ser reproduzidos num aquário comunitário, dado que os ovos serão rapidamente comidos por outros peixes. Os peixes de água salgada e invertebrados também comem os ovos. Os vivíparos são especialmente notórios por comerem as suas crias.
Alguns peixes ignoram os seus ovos e crias e podem ser reproduzidos num aquário dedicado. Os nuvem branca podem ser reproduzidos desta naneira e muitos killifish pelo menos ignoram os seus ovos. Os guppies também frequentemente ignoram as suas crias.
Outros peixes têm um pai que guarda ovos e crias. A maioria dos construtores de ninhos de bolhas fazem-no, assim como alguns disseminadores de substrato. O responsável, macho ou fêmea, fica com os ovos e com os jovens até começarem a nadar. Com os construtores de ninhos de bolhas o macho cuida no ninho, cria novas bolhas conforme vão rebentando e volta a colocar os ovos e alevins que caiem. Irá também defender o ninho contra outros peixes. Os incubadores bocais escondem simplesmente os seus ovos na boca e alguns peixes-gato escondem os seus ovos debaixo de si. Alguns ciclideos também têm um pai que cuida dos ovos e crias.
Um arranjo mais comum entre os ciclideos é que ambos os pais guardam os ovos e cuidam dos filhos. Este arranjo é realmente fascinante de observar. Os pais irão à vez abanando a água junto aos ovos e removendo os que ganham fungos. Irão também ferozmente defender o local de postura, podendo ferir ou mesmo matar outros peixes no aquário. Uma vez os ovos eclodidos os peixes continuam a guardá-los. Alguns irão transportar a ninhada para um local diferente todos os dias. Quando os alevins começam a nadar alguns pais continuam a guardá-los enquanto outros dão por terminados os seus deveres parentais. Muitos ciclideos africanos guardam os filhos até se voltarem a reproduzir. Os discus alimentam mesmo os alevins com o muco do seu corpo.
Uma versão ainda mais extrema de guarda é praticada por alguns ciclideos do Tanganyika. Os peixes de ninhadas anteriores continuam na proximidade do ninho e ajudam os pais a defender as futuras ninhadas. Os filhos podem permanecer no grupo até à idade de se reproduzirem, altura em que são afastados.
Um aquário de reprodução também é útil porque pode ser mantido limpo. Os ovos e os alevins precisam de uma água muito límpida. Também não haverá adultos para competirem pela comida. Muitos criadores usam um aquário sem areão no fundo com apenas um filtro de esponja movido a ar para servir de filtragem. Os detritos podem ser facilmente vistos e removidos. Mudanças de água frequentes também são mais fáceis.
Outra solução é permitir que os peixes se reproduzam em certas áreas do aquário comunitário, como plantas ou pedras. Os ovos podem então ser tansportados para o aquário de reprodução. Isto funciona para escalares, peixes-gato e peixes arco-iris. Os ovos de killifish podem ser recolhidos de turfa ou de "mops" (tufos de fios de material sintético) e colocados num recipiente separado para secarem ou incubarem. Os vivíparos podem ser reproduzidos numa maternidade dentro do aquário comunitário. A maternidade separa os alevins da mãe e fornece aos alevins um local seguro para crescerem.
Alguns ciclideos protegem os filhos suficientemente bem para serem deixados no aquário comunitário, embora isso possa provocar stress nos outros peixes do aquário. Até existem espécies de ciclideos que combaterão entre si se não houver outros peixes no aquário para ameaçar.
Os vivíparos são geralmente os mais faceis de reproduzir. Alguns aceitarão flocos finamente esmagados desde o princípio e apenas requerem mudanças de água com frequência para manter o crescimento. Também precisam de algas ou spirulina.
Os alevins de ovíparos são frequentemente mais difíceis de reproduzir. Muitos são demasiado pequenos para comer flocos esmagados e requerem outros alimentos. Artémia viva é comida preferêncial da maior parte desses alevins, embora alguns precisem de comida ainda mais pequena: Os infusórios ou pequenas dáfnias. Os peixes-gato comedores de algas precisam de algas ou vegetais escaldados. Existem comidas à venda para alevins que funcionam ou, em situações desesperadas, gema de ovo cozida. Tenha cuidado, porém, comidas não vivas poluem a água do aquário terrivelmente - especialmente a gema de ovo.
De facto, manter a água límpida é provavelmente o maior desafio na criação dos alevins. Os peixes em crescimento requerem muita comida e não são muito bons a encontrá-la, o que significa que muita mais deve ser metida no aquário. Como em qualquer aquário muita comida tem que ser equilibrado com manter a qualidade da água extremamente alta. Os alevins precisam de água ainda mais pura que os adultos. Mudanças de água frequentes são uma necessidade, assim como uma filtragem biológica eficiente. Os aquários de alevins requerem mudanças de água diárias, até 50% da capacidade do aquário. Os filtros de esponja são o método preferido de filtragem porque são excelentes filtros biológicos e não sugam os alevins.
As larvas de peixes de água salgada têm os requistos superiores a todos. Precisam de ser alimentadas com plancton extremamente pequeno ou rotíferos, num aquário com água quase perfeita.
Finalmente, conforme os peixes vão crescendo, devem ser transferidos para alojamentos maiores. Evidentemente um aquário de 35 litros que hospeda 100 alevins não poderá aguentar com 100 peixes durante muito tempo. Os criadores de bettas têm um problema adicional dado que os pequenos machos irão lutar e têm que ser colocados em recipientes separados ou num aquário com várias divisões.
Quanto a tornar a reprodução numa aventura comercial, lembre-se das leis da oferta e da procura. Para a maior parte dos peixes de comunidade as lojas encomendam o que querem dos importadores, criadores e distribuidores. O aquariofilista, por outro lado, apenas tem ninhadas ocasionais de peixes que as lojas podem não precisar nem querer em certa altura. A única vantagem sua será que quando entrar numa loja com um conjunto de peixes excedentes estes serão normalmente mais saudáveis e menos stressados que os peixes enviados de longe e que ainda têm de ser aclimatados às condições locais da água.
Se insistir em reproduzir peixes vendáveis tente peixes-gato raros, arco-iris raros, ciclideos africanos, guppies de grande qualidade ou peixes de água salgada. Este são geralmente difíceis de obter pelas lojas. Para ganhar dinheiro vendendo peixes comuns como escalares, barbos, tetras, corydoras ou vivíparos (outros que não guppies) são precisos muitos de aquários de reprodução e pares reprodutores para assegurar um constante fornecimento. Também deve ter peixes de qualidade consistente.
Pessoalmente, eu recomendaria que você reproduzisse peixes pelo prazer mais do que tornar o hobby numa aventura comercial. Não há nada como ver um par de ciclídeos na corte, desaparecendo então numa gruta e emergindo uns dias depois com uma ninhada de alevins.