FAQ: Injecção de CO2

Contributo de George Jander

Tradução de Tereza Pato

Alguém que tenha observado o crescimento explosivo das plantas por fertilização de dióxido de carbono (CO2) deve estar convencido da utilidade deste sistema. Certamente há milhares de aquariófilos que não dão às suas plantas nenhum tipo de tratamento e estas continuam bonitas no aquário. No entanto, o verdadeiro crescimento luxuriante, do tipo que se vê nas capas das revistas de aquariófilia e nas fotografias dos aquários Holandeses- "Dutch Aquariums"-só pode ser alcançado com fertilização de CO2.

Durante a fotossíntese, as plantas usam a energia da luz para captar CO2. Este CO2 é usado para produzir as estruturas básicas de carbono das quais as plantas são feitas. Num aquário pobre em iluminação, a luz é o que limita o crescimento das plantas. A quantidade de CO2 produzido na respiração dos peixes e bactérias é mais do que suficiente para haver fotossíntese nessas condições. Se por outro lado, se se quiser fazer as plantas crescer mais rapidamente dando-lhes mais luz, então não vai haver CO2 suficiente no aquário. As plantas simplesmente não podem crescer tão rápido quanto poderiam , dada a quantidade de luz disponível.

A maneira mais fácil de aumentar a quantidade de CO2 no aquário é comprar uma botija de CO2 e deixá-lo borbulhar dentro da água. Muitas empresas, a maioria Alemãs, vendem sistemas para acrescentar CO2 no fluxo de água que sai do filtro de copo (Canister Filter). Se comprar o sistema de CO2 da DUPLA, por exemplo, é capaz de gastar cerca de 300 dólares. Parece um bocadinho caro, não parece? Felizmente é muito simples e também bastante mais barato comprar uma botija de CO2 num fornecedor local e usá-la para borbulhar CO2 dentro da água.

O CO2 na botija está sob alta pressão. Um regulador de pressão diminui-a para níveis mais manejáveis e válvulas de ar de aquários normais podem ser usadas para regular o fluxo de aquários individuais. [nota do editor: Isto é contraditório à experiência generalizada. A maioria de nós acaba por instalar uma válvula de medição precisa depois de um regulador normal, para regular o fluxo do CO2 por segundo (número de bolhas de CO2 por segundo), porque as válvulas normais não têm um controle suficientemente preciso.] O reactor de CO2 é simplesmente um compartimento que permite que o CO2 seja dissolvido na água antes de se escapar para o ar. O fluxo que sai de um filtro ou de uma bomba entra no topo do reactor e o CO2 é posto a borbulhar na parte inferior. Para dar mais tempo ao CO2 para se dissolver na água pode-se juntar um sistema de abafadores para parar o gás enquanto este sobe na água. Perto do topo do reactor deve haver um pequeno buraco para deixar sair outros gases, que podem estar presentes, em pequenas quantidades no CO2 comprimido. Esses gases não se dissolvem tão rapidamente na água como o CO2.

Eu comprei a minha botija de CO2 e o regulador na WESCO na Vassar Street em Cambridge. Os preços currentes (maio de 1992) são: 5 libras de CO2 52.5 dólares, a recarga custa 9.74 dólares; 20 libras de CO2 101.75 dólares e a recarga 19.55 dólares. Um regulador de pressão de CO2 custa 79 dólares. Pessoas que tenham melhores conhecimentos que eu são capazes de arranjar coisas mais baratas. [Nota do editor: ver na secção Recursos para mais informações sobre preços correntes e locais de compra.] As recargas normalmente não são muito caras. A minha botija de 20 libras é usada em três aquários (110, 250 e 420 Litros) e dura +/- 3 anos entre recargas. Isso dá +/- 2 dólares por ano por aquário. Outras fontes possíveis de CO2 que eu não investiguei são os extintores de CO2 e o CO2 que é usado para fazer as bolhinhas na cerveja e noutras bebidas suaves. Não se ralem a usar nada com gelo seco, isso é muito complicado.

A tubagem e as válvulas que eu uso no meu sistema de CO2 são do tipo das que se usam nas bombas de ar do aquário. É melhor usar válvulas de cobre em vez das válvulas de plástico, uma vez que isso se torna mais fácil fazer bons ajustamentos e também tendem a ter menos fugas. Mesmo uma fuga muito pequena despeja a botija toda num ápice. Eu verifico todas as ligações e válvulas com uma solução de sabão e asseguro-me que não saiem bolhas nenhumas.

O reactor de CO2 pode facilmente ser construida de tubos redondos largos. Eu uso os tubos de um filtro de fundo nos meus aquários. Um entusiasta aquariófilo local- Jim Bardwell- usa a metade de uma garrafa de Coca-Cola de um litro, com o filtro ligado onde a tampa deveria estar. O melhor é usar um plástico transparente, para se poder ter uma visão do que se passa no interior. Os abafadores concebidos para deixar a água cair em cascata numa direcção e para canalizar o CO2 noutra direcção, são utéis mas não absolutamente necessários. Eu faço os meus abafadores de cubos de espuma que corto do tamanho e do formato certos para caberem dentro do tubo. O Jim deixa o CO2 simplesmente acumular-se no topo da garrafa, onde a água entra. O reactor dele não tem qualquer furo de ventilação mas não parecem existir problemas com a acumulação de gás.

Se um pequeno aumento do CO2 na água causa um crescimento luxuriante das plantas, muito CO2 pode ser tóxico. O CO2 dissolvido em água forma ácido carbónico (H2CO3). Com água com pouco efeito tampão, como a que sai da torneira na área de Boston, adicionar muito CO2 pode baixar o Ph até 3. Não é tão ácido como a Coca-Cola mas é como o vinagre. Naturalmente, isto pode causar morte ou outras reacções graves nos peixes e nas plantas.

Podem-se comprar testes de CO2 para se saber o nível exacto que a água contém, mas medir o Ph e contar o número de bolhas que sai por segundo da botija funciona bem na mesma. O melhor é começar por adicionar CO2 muito lentamente (cerca de 1 a 3 bolhas por minuto) e aumentar lentamente até que o Ph desça pouco mas de forma perceptível. No meu aquário de 30 gls, eu junto uma bolha de CO2, cada 3 ou 4 segundos para mudar o Ph de 7 para entre 6 e 6,5. A quantidade de CO2 que cada um precisa de juntar varia de aquário para aquário e depende de vários factores: do tamanho do aquário, da rapidez de crescimento das plantas, do número de peixes, da quantidade de comida que está em decomposição no fundo do aquário, da capacidade de efeito tampão da água, do tipo de pedras e areão, do modo como a superfície da água é ventilada. No entanto, qualquer coisa dentro dos limites de 1 a 2 bolhas em cada 2 a 15 segundos parece funcionar lindamente. O tamanho de cada bolha de CO2 varia consoante o diâmetro da tubagem. Eu tenho estado a falar das bolhas que saem dum tubo de ar de um aquário normal de 0,31cm(1/8 polegada) de diâmetro interno.

Ao usar uma botija de CO2, tenta-se saturar a água com CO2 e qualquer agitação excessiva na superficie da água ou uma grande injecção de ar vai causar a libertação de CO2 para a atmosfera, quase tão depressa como este se junta à água. Assim pelo menos durante o dia não se deve ter a pedra difusora ligada bem como o filtro de fundo [Nota do revisor: Estou convencido que o autor se refere a power-heads com sistemas de venturi ou a filtros de fundo que funcionam por subida de bolhas de ar, os filtros de fundo acionados por power-heads ou em funcionamento invertido não terão qualquer problema]. Se tiver um aquário de plantas provavelmente não estará a utilizar um filtro de fundo, uma vez que a maioria das plantas se dá melhor sem ele. Quando as luzes estão acessas, as plantas usam o CO2 e produzem oxigénio. Nos meus aquários é tanto o oxigénio que elas criam, que eu muitas vezes vejo-o sair das plantas. De noite, por outro lado, as plantas estão a consumir oxigénio e não CO2. Se o aquário não tiver muitos peixes então o oxigénio produzido chega perfeitamente para todos até ao outro dia de manhã. Mas, se se notar que os peixes estão sempre à superfície de manhã é porque o oxigénio não é francamente suficiente. Para resolver este problema pode-se simplesmente ligar a pedra difusora durante o período em que as luzes estão apagadas. Isto vai manter o nível de oxigénio e eliminar o excesso de CO2. Eu tenho as luzes e as bombas de ar ligadas a diferentes temporizadores, quando umas ligam as outras desligam. Também seria muito fácil usar uma válvula na botija de CO2 para a desligar e ligar estando ligada ao mesmo temporizador das luzes.

O sistema que eu descrevi é básico e funciona muito bem. Mas, para quem gosta destas coisas a automação quase não tem limites. O meu irmão Albrecht, que é um maníaco da electrónica, tem o aquário todo a ser comandado por um computador TRS-80. Entre muitas outras coisas, o computador mede o Ph, junta CO2 se o Ph está está acima de um pré-determinado nível e soa um alarme se a botija de CO2 está abaixo do nível. Felizmente não é preciso tudo isto para ter um aquário de plantas verdadeiramente bonito. Tenho mais de 30 tipos de plantas nos meus aquários e todas espectaculares. Todas as semanas eu tenho que me livrar das plantas que me crescem nos aquários, e tenho mais do que extras suficientes para abastecer os aquários dos meus amigos e ainda para vender uma vez por mês no leilão BAS. Os peixes estão a dar-se bem e a reproduzir-se lindamente.

O CO2 torna mais fácil o crescimento das plantas em aquário, mas não é a cura total. Ainda se têm de observar algumas coisas essenciais nos cuidados das plantas. As plantas de aquário precisam de muita luz. Eu normalmente calculo 4 watts por 3,78 Litros (1 gl) quando se usam lâmpadas fluorescentes. As lâmpadas de largo espectro indicadas para plantas e para aquários parecem funcionar melhor que as lâmpadas brancas que se podem comprar em qualquer loja. A quantidade de ferro presente na maioria dos aquários é muito baixa para o crescimento máximo das plantas. Eu uso como suplemento do ferro "ferro micronizado" que junto ao filtro de copo (cerca de 1 colher de chá aquando de cada limpeza) e "Ortho Greenol" (2 gotas por gl, por dia). Ambos os produtos estão disponíveis nas casas de jardinagem. Os outros nutrientes e elementos de traço que as plantas precisam são usualmente adicionados quando se alimentam os peixes ou quando se fazem as mudas de água (frequentemente). Por fim não se esqueça também dos sacrifícios regulares, aos deuses dos aquários, das entranhas de bode, à meia-noite quando há lua cheia.

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